20131018

Saia dessa mesa: mudar de lugar no trabalho aumenta a produtividade

Muitas empresas estão provando uma nova técnica para aumentar a produtividade no ambiente de trabalho: colocar os empregados em uma verdadeira dança das cadeiras.

Mudar de lugar com frequência no trabalho pode ser produtivo.
Ao deslocar funcionários de uma mesa para outra a cada dois ou três meses, mudando-os de lugar e repensando quem colocar do lado de quem, as empresas afirmam que têm conseguido aumentar o desempenho e a colaboração de equipe.

Os defensores do experimento dizem que não é algo barato, mas que ele pode ajudar a melhorar os resultados da empresa, mesmo que isso acabe gerando descontentamento em alguns empregados.

Nos últimos anos, muitas empresas vêm optando por espaços de trabalho abertos e sem assentos designados, retirando os gerentes dos seus escritórios e reunindo funcionários em mesas comunitárias. Mas algumas empresas, especialmente as firmas jovens do setor de tecnologia, estão dando um passo mais além controlando quem senta perto de quem com a intenção de aproveitar melhor a habilidade dos empregados.

"Se eu mudo o organograma e a pessoa fica sentada no mesmo lugar, isso não terá muito efeito", diz Bem Waber, diretor-presidente da Sociometric Solutions, uma empresa de Boston que usa sensores para analisar padrões de comunicação no escritório. "Se não mudo o organograma, mas alterno onde as pessoas se sentam; isso pode mudar tudo."

Waber diz que as pessoas sentadas mais próximas de um funcionário representam de 40% a 60% de todas as interações que esse empregado faz durante a jornada de trabalho, de conversas pessoais até a troca de e-mail. Há um máximo de 10% de chances de que os funcionários interajam com alguém que está duas fileiras atrás, de acordo com os dados compilados por Waber entre empresas dos setores varejista, farmacêutico e de finanças, entre outras.

As empresas deveriam pensar com cuidado sobre perto de quem seus funcionários devem se sentar, de acordo com especialistas que estudam layout de escritórios e psicologia do local de trabalho. Agrupar funcionários por departamento pode aumentar a concentração e a eficiência, mas misturá-los pode levar a inovação, afirma Christian Catalini, professor assistente da Faculdade de Administração Sloan do Instituto Tecnológico de Massachusetts.

Em sua dissertação, Catalini analisou o impacto da proximidade em um campus acadêmico em Paris. Quando os cientistas foram espalhados por diferentes prédios devido a um problema de amianto, o resultado foi mais experimentos, diz ele. A mistura produziu alguns fracassos, mas também produziu mais avanços.

A MODCo Media, uma agência de publicidade de Nova York, experimentou três configurações de assentos diferentes ao longo dos últimos anos. Durante cerca de seis meses, a empresa misturou seus contadores com os compradores de espaços publicitários na mídia com a esperança de que uns aprendessem com os outros por "osmose" e ao "ouvir os telefonemas". O experimento rendeu ao MODCo uma economia de "cerca de US$ 200 mil por ano", diz o diretor-presidente Erik Dochtermann, mas isso não foi bom para os contadores porque os compradores de espaço aprenderam tanto de contabilidade que acabaram eliminando a necessidade de ter um departamento inteiro dedicado a essa tarefa. Outras configurações de assentos ajudaram a inspirar novos produtos e aceleraram o treinamento de novos empregados, disse ele.

Na agência de viagens on-line Kayak.com, Paul English, um dos fundadores e diretor de tecnologia da empresa, usa os funcionários novatos como uma desculpa para mudar o layout e pensa cuidadosamente quem será vizinho de quem no local de trabalho. Ele leva em conta as personalidades, opiniões políticas, a tendência de chegar atrasado e, mais importante, a propensão de julgar os colegas que chegam tarde ao trabalho.

"Se eu coloco alguém chato perto de você ou se há um conflito de personalidades, tornarei seu trabalho seja deprimente", diz ele.

Pessoas com temperamento emocional similar trabalham melhor juntas, diz Sigal Barsade, professor da Faculdade de Administração Wharton, da Universidade da Pensilvânia. E se a intenção de um gerente é fazer com que um trabalhador estressado se alegre, a melhor estratégia é rodeá-lo de pessoas alegres e bem humoradas. Fonte The Wall Street Journal.

Narciso Machado - NCM Business INtelligence

20131010

Usuários de redes sociais debatem liberdade de expressão no Brasil

O personagem Otário Anonymous tem mais de 300.000 seguidores no Youtube e promete ser o pior pesadelo na vida de pessoas e empresas que fazem propaganda enganosa. O Brasil está no meio de um debate sobre a liberdade de expressão, e no centro estão a vasta comunidade de usuários de redes sociais do país, incluindo um homem que se autodenomina "Otário Anonymous". O personagem, que já se tornou popular na internet, investiga propagandas enganosas e as satiriza no YouTube com um saco de papel na cabeça. Em um vídeo que teve grande circulação, ele alerta os consumidores sobre impostos embutidos num fundo de investimento mútuo do banco Bradesco SA. "Isso é o que eles estão fazendo", diz ele no vídeo, imitando um ladrão armado, disparando um tiro com os dedos e enfiando um maço de dinheiro no bolso. O Bradesco alegou que o vídeo era ofensivo e ganhou o caso contra o Google Inc. para retirá-lo do site do YouTube no ano passado. O Google entrou com recurso. O caso do Otário é apenas um entre centenas que o Google enfrenta a cada ano no Brasil, onde o gigante de internet diz receber o maior número de pedidos do governo e de tribunais para remover vídeos em todo o mundo. Embora a constituição brasileira proteja a liberdade de expressão, as leis do país contra o anonimato e difamação têm sido cada vez mais usadas por celebridades, empresas e autoridades do governo para censurar seus críticos. O Brasil não isenta os provedores de serviços de internet da responsabilidade sobre o conteúdo gerado por usuários, o que é uma prática comum em outros países. Essa tensão entre a liberdade de expressão e proteções legais também tem consequências fora da internet. Um exemplo disso é o caso do cantor Roberto Carlos que conseguiu barrar a venda de uma biografia não autorizada em 2007, sob uma lei que exige que pessoas famosas autorizem antecipadamente a venda de livros biográficos. Os especialistas do setor dizem que é uma questão de tempo antes que um caso chegue à Suprema Corte brasileira, o que poderia determinar de uma vez por todas se os indivíduos têm o direito constitucional de fazer declarações públicas não autorizadas sobre empresas e figuras públicas. Os parlamentares estão tentando corrigir as deficiências com um projeto de lei para reforçar os direitos de usuários à liberdade de expressão na internet e impor limites em quanto tempo empresas podem armazenar dados de usuários. A votação está prevista para este mês. Enquanto isso, grandes volumes de conteúdo gerado diariamente nas redes sociais estão gerando uma enorme pilha de novos casos para os tribunais brasileiros. Muitas pessoas do país, incluindo os defensores da liberdade de expressão e mesmo alguns juízes, dizem que as leis devem ser alteradas para que se tenha uma democracia funcional. Em 2012, o mesmo ano que o Brasil se tornou um dos maiores usuários do mundo do YouTube, Facebook e Twitter, o Google informou que recebeu 756 solicitações para remover conteúdo relacionado às eleições. O Brasil também liderou a lista de países pouco transparentes no relatório de transparência do Twitter no primeiro semestre de 2013, com dez ordens judiciais e pedidos de agências governamentais para a remoção de conteúdo. O Google se defende de muitas ordens judiciais no Brasil, incluindo aquelas que tentam barrar conteúdo que acusa promotores federais e juízes de incompetência e corrupção. Mas em 35 casos, o Google teve que remover conteúdo depois de perder o processo de recurso no segundo semestre de 2012. Na batalha sobre o vídeo de Otário, o Bradesco finalmente ganhou o processo contra o Google por causa de uma cláusula da Constituição: o artigo 5 garante a liberdade de expressão mas proíbe o anonimato. Esta cláusula tem sido objeto de polêmica, especialmente depois que o governo do Estado do Rio de Janeiro a usou para proibir manifestantes de usar máscaras durante protestos alguns meses atrás. O Google não removeu o vídeo do Otário e entrou com recurso num tribunal federal em São Paulo. O Bradesco não quis comentar. Numa entrevista ao The Wall Street Journal, Otário disse que preza seu anonimato, porque protege sua capacidade de falar abertamente e permite que os telespectadores interajam livremente com ele. Além de colocar um saco de papel na cabeça, ele usa um terno com luvas brancas para ocultar a sua raça e idade e prefere não revelar seu nível de educação. A voz dele também é alterada. O canal do Otário no Youtube tem mais de 300.000 assinantes. Ele diz que apenas seus pais, um tio, a namorada e dois ou três amigos próximos conhecem a sua identidade on-line. Às vezes pode soar estranho, mas "eu quero que as pessoas saibam que qualquer um pode fazer o que eu faço", diz ele. Descobrir como evitar que seus vídeos sejam removidos tem sido um jogo de adivinhação. "Em algum momento, achei que eles poderiam censurar se eu usasse a logomarca das empresas, então retirei as logos dos vídeos," diz. Especialistas dizem que tentar remover conteúdo popular muitas vezes pode ser um tiro que sai pela culatra, porque pode torná-lo ainda mais popular, à medida que outros usuários podem copiá-lo e republicá-lo. Fonte The Wall Street Journal. NARCISO MACHADO - NCM BUSINESS INTELLIGENCE