20130823

Contar piadas no trabalho pode ajudar na carreira

Para Adams, criador de "Dilbert", se você nunca foi engraçado, é uma péssima ideia tentar ser no ambiente de trabalho Margot Carmichael Lester adora fazer brincadeiras bem-humoradas no trabalho. Como proprietária da The Word Factory, uma empresa de criação de conteúdo da Carolina do Norte, ela busca funcionários que tenham senso de humor. "Eu só quero trabalhar com pessoas que podem entender uma piada", diz. Às vezes, porém, suas piadas não surtem efeito. No mês passado, em uma reunião com clientes do setor de seguros, ela zombou levemente da forma como as pessoas geralmente veem suas seguradoras: "Quem realmente espera ouvir 'Estou ligando da sua seguradora e estou aqui para ajudar?'." A piada morreu em meio a poucas risadas, conta. Embora ela tenha se recuperado e concluído o projeto do cliente com sucesso, o episódio não saía da sua cabeça. "Se você é engraçado, se arrisca [a fazer uma piada], se expõe e as pessoas não riem? Isso dói." Pesquisas indicam que os empregadores gostam de contratar pessoas com senso de humor. E mesclar riso e diversão na cultura de uma empresa pode atrair trabalhadores qualificados, de acordo com um estudo publicado no ano passado pela revista especializada "Human Relations" (Relações Humanas). Um estudo de 2011, feito pela Universidade Estadual da Pensilvânia, concluiu que uma boa gargalhada ativa as mesmas regiões do cérebro que um cheque referente ao pagamento de um grande bônus. Ao mesmo tempo, o ambiente de um escritório pode ser um campo minado para brincadeiras. Fazer os colegas rirem leva tempo e exige autoconfiança - e a habilidade de se recuperar de uma gafe. "As pessoas vão gostar mais de você se elas acharem você engraçado", diz Scott Adams, criador do popular personagem de história em quadrinhos "Dilbert". Mas, "se você nunca foi engraçado antes, tentar começar a ser no ambiente de trabalho, o lugar mais importante onde você já esteve em toda a sua vida é uma péssima ideia", diz Adams, autor do livro "How to Fail at Almost Everything and Still Win Big" (Como fracassar em quase tudo e ainda sair como um grande vencedor, em tradução livre), lançado recentemente nos EUA. Fred Kilbourne diz que o seu talento para diálogos engraçados o ajudou na sua carreira de estatístico, tornando-o um palestrante procurado e participante de grupos profissionais do setor. "O trabalho de estatística pode ser muito maçante e chato, mas eu sempre procuro uma maneira de torná-lo um pouco mais leve", diz Kilbourne, de San Diego. "As pessoas dizem: 'Eu não sei quando você está brincando'". "Minha resposta sempre é: 'Se a minha boca está se mexendo, estou brincando'." Não que ele não tenha tido seus tropeços. Uma vez ele fez uma brincadeira no meio de uma discussão séria num comitê de risco de seguros de automóveis, levando um dos participantes a dizer: 'Sabe, estamos tentando fazer algo sério aqui, e isso não ajuda'", lembra Kilbourne. "Ele estava certo", diz. "Eu me comportei seriamente no resto da reunião." Os piadistas de escritório devem estar prontos para dar respostas rápidas, usar um tom caloroso e não serem sarcásticos, diz Michael Kerr, consultor e palestrante de humor no ambiente de trabalho que também escreveu diversos livros sobre o tema. Direcione a piada para você mesmo. Diga, por exemplo: 'Isso é ótimo. Eu precisava me estressar um pouco mais hoje'", diz Kerr. É importante também ler as nuances do humor e das atitudes dos colegas de trabalho para compreender o contexto correto das brincadeiras, diz Andrew Tarvin, um tipo de consultor de humor de Nova York. Adams diz que analisa a linguagem corporal dos ouvintes. Se eles ficam tensos, desviam o olhar ou apertam os olhos, não é um bom momento para fazer piadas. A maioria das pessoas conhece os temas que são tabus: piadas racistas, étnicas e sexistas são proibidas. Fora isso, o brincalhão deve considerar as consequências de uma piada que, por exemplo, apareça no Twitter ou no Facebook. Segundo Zach Ward, diretor da escola de teatro e de treinamento humorístico ImprovBoston, de Cambridge, no Estado de Massachusetts, muitos alunos procuram o local para desenvolver habilidades interpessoais que possam usar no ambiente de trabalho. Um colega de trabalho também pode dar continuidade à piada. "Se o sistema de som falha durante uma apresentação, por exemplo, o palestrante pode falar: 'Foi algo que eu disse?', enquanto outro funcionário pode alongar a brincadeira com 'Deve ter sido o seu humor eletrizante'." O humor de qualidade une as pessoas do escritório, geralmente por meio de brincadeiras compartilhadas ou piadas internas, diz Tarvin. Por quase três anos, funcionários da Silver Lining Ltd. participavam mensalmente de "dias de jargões corporativos", nos quais buscavam usar ao máximo uma linguagem vaga e burocrática, diz Carissa Reiniger, fundadora da empresa de consultoria de gestão com sede em Nova York. O objetivo: incitar o grupo a perder o hábito de usar jargões. Brincar ou provocar os colegas pode abrir espaço para as pessoas discordarem ou manifestarem críticas de uma forma lúdica, sem despertar raiva ou atitudes defensivas, diz Kevin Cruthirds, professor-assistente de gestão da Universidade do Texas e um dos autores de um estudo feito em 2006 sobre humor no ambiente de trabalho. Um chefe pode brincar com um funcionário sobre o gasto de US$ 80 no minibar de um hotel durante uma viagem de trabalho, passando um recado e ao mesmo tempo provocando risadas, diz ele. (Essa abordagem, porém, não deve ser usada em situações mais sérias que podem prejudicar a avaliação do desempenho de alguém ou a sua remuneração.) Um estudo divulgado no início deste ano na publicação britânica "Leadership & Organization Development" (Liderança e Desenvolvimento da Organização) afirma que executivos e gestores que usam humor autodepreciativo passam uma imagem mais acessível e humana a seus subordinados. Paul Spiegelman, um dos fundadores da BerylHealth, uma empresa do Texas de centrais de atendimento especializada na área médica, participa de vídeos anuais da empresa. Num deles, aparece se candidatando a uma vaga de cozinheiro e de projecionista de cinema porque ele "não se sente mais valorizado na empresa". Em outro ano, em uma paródia do programa de televisão "Dancing With The Stars" (Dançando com as estrelas), Spiegelman usa patins e roupas de toureiro e dança com o diretor operacional. Segundo ele, o humor derruba hierarquias e deixa a empresa mais plana, promovendo a lealdade e a produtividade dos funcionários. Recentemente, Spiegelman vendeu a empresa para a SteriCycle Inc., onde hoje ocupa o cargo de diretor de cultura organizacional. Fonte The Wall Street Journal. Narciso Machado - NCM Business Intelligence

20130820

Petrobras e Google são 'empresas dos sonhos' para jovens

A empresa dos sonhos dos jovens brasileiros teria a estabilidade, os salários e os benefícios da Petrobras, mas com a possibilidade de inovar e a infraestrutura do Google. Desde 2008, a estatal de petróleo e a multinacional de tecnologia disputam a preferência desse público, com placar favorável à primeira. Na mais recente edição da pesquisa "Empresa dos sonhos dos jovens", que ouviu 52 mil pessoas de 17 a 26 anos, a Petrobras foi novamente a campeã e o Google ficou com o segundo lugar (veja quadro ao lado). Na opinião de Maíra Habimorad, CEO da Cia de Talentos, que realizou o estudo com a Nextview People, ter duas organizações tão distintas - e escolhidas por razões tão diferentes - no topo do ranking não chega a surpreender. "Os jovens querem o melhor dos dois mundos e nem sempre entendem que junto com o bônus vem o ônus", afirma a consultora. Isso significa que é preciso fazer uma pesquisa profunda levando em conta, por exemplo, o alinhamento dos valores e dos princípios éticos. "Não adianta escolher onde se deseja trabalhar apenas por um determinado motivo. É preciso lembrar que, ao entrar em uma organização, você vai precisar comprar o 'pacote completo'." O resto da lista, no entanto, é bastante coeso e mais "realista". Isso porque praticamente todas as outras companhias que completam o 'top 10' como Itaú, Vale, Nestlé e Ambev foram escolhidas porque, na opinião dos jovens, oferecem aprendizado e desenvolvimento profissional, além de terem boa imagem no mercado. "São nomes bastante fortes, sólidos e tradicionais. Isso passa credibilidade, algo que a nova geração leva bastante em conta", afirma Maíra. O gerente de recursos humanos da Petrobras, Antônio Sérgio Oliveira Santana, afirma que embora as contratações na empresa sejam feitas por meio de concurso público, este reconhecimento é importante para atrair o interesse dos melhores. "Atuamos em um ambiente com tecnologia de ponta e desafios constantes. Assim, é difícil preencher algumas vagas", afirma. Em sua opinião, os jovens valorizam a capacitação constante na empresa, que investe pesado em centros de pesquisa, universidade corporativa e patrocínio de bolsas de estudo. Além disso, a estatal costuma levar alguns de seus profissionais para divulgar a companhia a alunos do ensino médio e superior. "São inúmeras as possibilidades de carreira internamente. Vamos até esse jovens para explicar o que fazemos e o que podemos oferecer a eles", diz. Já Mônica Santos, diretora de recursos humanos para a América Latina do Google, afirma que o jovem, de maneira geral, é ávido por informação, e este é um dos pontos mais fortes da cultura da companhia. "A relação com os funcionários é muito transparente. Mantemos um contato permanente com eles em reuniões, comitês e diversas outras iniciativas - e não só de cima para baixo". A executiva destaca que, além de desenvolver produtos inovadores, o Google atrai os jovens por ter uma postura moderna também no papel de empregador. "Definitivamente não somos uma organização tradicional. Incentivamos um clima mais informal e aberto, para que pessoas sejam elas mesmas e não precisem vestir uma máscara no ambiente corporativo. O objetivo é entregar resultados e, ao mesmo tempo, se divertir", diz. A edição de 2013 da pesquisa trouxe duas novidades em relação ao ano passado: PwC e Santander, que apareceram pela última vez no ranking em 2002 e 2006, respectivamente. João César Lima, sócio da PwC responsável pelo departamento de RH, afirma que a empresa contrata cerca de 500 trainees por ano e, quase sempre, trata-se do primeiro emprego desse pessoal. "Esse é um público fundamental para o nosso negócio. Tentamos ouvir esses jovens e criar um programa que seja atraente." A empresa, que atua na área de consultoria e auditoria, também tem a estratégia de visitar universidades para atrair os jovens. "Temos que explicar o que fazemos e o que oferecemos aos estudantes, pois não é um produto que eles podem encontrar no supermercado", diz Lima. O próprio executivo ingressou na companhia como trainee e, segundo ele, a oportunidade de desenvolvimento de carreira é o grande diferencial da PwC. "Somos conhecidos por formar talentos e as pessoas valorizam isso", afirma. Esse é o caso de Rafael Pacitti, trainee na companhia desde abril. Formado em engenharia, ele conta que sempre se sentiu atraído pela área de consultoria. Após pesquisar os grandes nomes do mercado, concluiu que na PwC teria a segurança e o suporte necessário para iniciar a carreira. "Existe um plano bem estruturado de aprendizado e desenvolvimento. Todos tem a mesma oportunidade de evoluir e crescer internamente, depende da sua disposição", afirma. Já o Santander intensificou diversas políticas de aproximação com o público jovem nos últimos anos, inclusive com projetos sociais e outros voltados à educação e sustentabilidade. De acordo com a superintendente de recursos humanos Fátima Gouveia, um exemplo é o portal Caminhos e Escolhas, que oferece conteúdo sobre qualificação profissional e orientação de carreira e já tem mais de 280 mil usuários cadastrados. "Os jovens reconhecem iniciativas como essa. Além disso, 45% dos funcionários do banco têm até 30 anos de idade e existe uma grande interação entre eles e os que participaram da pesquisa". Fátima destaca também que os jovens gostam do fato de o Santander ser uma instituição global, o que dá uma perspectiva internacional à carreira. Em 2012, 77% dos respondentes disseram ter uma empresa dos sonhos, índice que caiu para 60% este ano. Segundo Maíra Habimorad, da Cia de Talentos, uma das explicações é a grande quantidade de informações a que os jovens têm acesso, o que pode levá-los a ter uma visão crítica e menos idealizada das companhias. "Além disso, mais da metade dos participantes já está inserida no mercado de trabalho e tem contato real com o mundo corporativo", diz. Fonte Jornal Valor. Narciso Machado - NCM Business Intelligence

20130816

Um negócio 'bom pra cachorro': apps para animais de estimação ganham força

Anna Jane Grossman ensina cães a usarem iPdas em uma escola que abriu em Manhattan, em nova York. Numa aula recente em Nova York sobre como usar iPads, a instrutora tinha uma solução para estudantes distraídos: lambuzar a tela com pasta de amendoim. Um dos alunos, um cão de caça húngaro chamado DJ Sam, foi lá e lambeu tudo. A treinadora de cachorros Anna Jane Grossmann começou a dar aulas particulares de iPads para animais no ano passado. Uns 25 clientes se inscreveram e ela está planejando uma aula especial de iPads de 90 minutos no fim do mês, onde os cachorros vão aprender a ativar aplicativos com o focinho. "As pessoas sempre dizem, 'Ah, será que você pode ensinar meu cachorro a fazer as minhas transações bancárias?'", diz Grossman. Na realidade, "os cachorros não conseguem fazer muitas coisas úteis no iPad. Mas eu também não faço", acrescenta. Grossman faz parte de uma leva de empresários que está investindo em um negócio novo e de rápido crescimento para promover o uso de aplicativos para animais de estimação. Eles dizem que os aplicativos podem entreter animais que ficam sozinhos em casa, pode ensinar habilidades motoras importantes e até mesmo promover um comportamento mais social em animais solitários. Mas a ideia já tem sido alvo de críticas. Alguns dizem que não é justo, por exemplo, fazer um gato perseguir eternamente um rato que não pode ser capturado. "Sem ter uma captura bem-sucedida, acredito que a brincadeira vai deixar o gato muito nervoso, já que a brincadeira não terá um desfecho satisfatório", diz Pam Johnson-Bennett, especialista em comportamento felino. O nova-iorquino David Snetman experimentou deixar seu gato Pickle brincar com o iPad até ele se cansar. Mas uma hora depois, Pickle ainda continuava batendo na tela. Apesar do animal não ter mostrado sinais de cansaço, Snetman não quis mais permitir que ele brincasse com o aparelho. "Foi uma experiência muito frustrante para ele", disse. Os desenvolvedores de aplicativos descartam as críticas. As pessoas "têm conotações negativas de uma criança que fica horas e horas na frente da tela de uma televisão", diz T.J. Fuller, que ajudou a desenvolver o popular app "Game for Cats" (Jogo para Gatos). "Mas acredito que é bem diferente com os gatos," diz ele, acrescentando que os jogos representam um desafio físico e mental para os animais. Fuller e seu sócio Nate Murray desenvolveram o jogo depois de criar um app para crianças que fracassou. Agora, eles têm três aplicativos de iPad para gatos, incluindo um que permite que eless façam pintura na tela e o "Game for Cats", que incentiva os animais a tocar num ponto de laser, num rato ou numa mariposa passeando pela tela. Os aplicativos já foram baixados mais de um milhão de vezes, diz Murray. A versão básica é de graça, mas as outras são vendidas por US$ 1,99. "No início, achei que era ridículo, mas acabou sendo algo realmente importante para as pessoas", diz Murray, observando que algumas imprimem e exibem os quadros pintados por seus gatos e até os enviam a eles de presente. Hoje existe mais de uma dezena de apps criados especificamente para animais de estimação na loja do iTunes. Apesar dos cães e gatos serem os principais alvos, os jogos já foram utilizados por pinguins, tigres e rãs, dizem os desenvolvedores. Os pinguins, especialmente, parecem gostar muito do "Game for Cats", diz Fuller, mas "não acho que exista um grande mercado para isso". Os pinguins-de-Magalhães residentes do Pacific Aquarium, em Long Beach, na Califórnia, jogam o game com frequência, diz Dudley Wigdahl, curador de mamíferos e aves do aquário. Durante a sua primeira sessão de jogos em fevereiro, ele ficou surpreso ao ver os pinguins bicando vigorosamente a tela, tentando pegar o rato. "Eles conseguiram muitos", diz ele. "Eu não esperava tanto." Mas o sucesso traz desafios, como os imitadores, dizem Fuller e Murray. Logo depois que eles lançaram o jogo, a Friskies, fabricante de comida para gatos, lançou sua própria série de aplicativos para felinos. "Há uma rivalidade aí", diz Fuller, que continua criando novos jogos, como o "Catzilla", que permite que gatos destruam a paisagem de um centro urbano animado. Na Friskies, o maior sucesso até agora é um app chamado "Fishing Cat" (Gato Pescador), que ela diz que já foi baixado mais de 500.000 vezes. Sua nova versão, o "Cat Fishing 2", emite miados se o aplicativo sentir que o gato está perdendo o interesse e permite que seus proprietários compartilhem os resultados através de sites de redes sociais. Os jogos são gratuitos. A Friskies lançou sete jogos para iPad, utilizando sessões de teste com um "grupo de consumidores" formado por seis gatos. Alguns ficam obcecados com os jogos. Gary, um gato malhado de 11 anos, passa dias inteiros alternando entre 15 minutos de jogo e cochilos. Alguns aplicativos são mais sérios. Um abrigo de animais em Los Angeles começou a usar iPads como uma ferramenta terapêutica para seus gatos. "Eles desinibem os animais que são mais tímidos", diz Madeline Bernstein, presidente da Sociedade para a Prevenção da Crueldade contra Animais de Los Angeles. Ela alerta, porém, que essas técnicas podem ter um efeito contrário: seus próprios gatos agora acham que o iPad é só deles. "Eles ficam constantemente me interrompendo" quando é a minha vez de usar o aparelho. Mesmo assim, o uso de iPads no abrigo ofereceu uma maneira de angariar fundos para a entidade. Os funcionários imprimiram pinturas feitas pelos gatos no iPad e fizeram cartões. Até agora, eles já venderam 600 cartões ao preço de US$ 5,99 cada, dando crédito aos gatos pintores Frida Katlo e Jackson Pawlick. Já os cachorros exigem uma abordagem diferente, diz Ben Kamens, que criou o "Game for Dogs" (Jogo para Cachorros) com um parceiro, Jason Rosoff. Eles simplificaram o fundo e criaram um contraste maior entre os animais virtuais e a tela. Eles fizeram testes com Phoebe, aYorkshire terrier de Rosoff. "Chegamos a um ponto que quando ela vê o iPad, ela surta, diz Kamens. "Ela deve achar que os animais estão dentro da tela." Fonte The Wall Street Journal. Narciso Machado - NCM Business Intelligence

20130805

Proteger usuário sem afetar lucros é desafio para Google

Em 2011, Larry Page, um dos fundadores e diretor-presidente do Google Inc., pediu a executivos da empresa que criassem uma nova ferramenta de privacidade, simplificada, que funcionaria como uma escala móvel. Ela permitiria ao usuário definir qual o nível de informações a seu respeito — mínimo, médio ou máximo — que autoriza ser coletado em todos os serviços do Google, e também até que ponto as informações seriam protegidas para não serem visualizadas por outros usuários. Depois de muita disputa e muitas tentativas de construir a ferramenta, semelhante a uma agulha num visor cujos três pontos principais foram apelidados de "kitten"(gatinho), "cat" (gato) e "tiger" (tigre), a ideia foi abandonada no ano passado, segundo pessoas a par do assunto. Como o Google tem muitos serviços de internet que funcionam de maneiras diferentes, os executivos acharam impossível reduzir os controles de privacidade a um número tão reduzido de categorias, disseram essas pessoas. Elas acrescentaram que além disso, permitir que as pessoas escolhessem a configuração de proteção máxima, a chamada "opção paranoia", iria contra os esforços mais recentes do Google para que mais usuários compartilhem suas informações pessoais na rede social Google+. As empresas de tecnologia costumam afirmar que se preocupam com a privacidade dos usuários e procuram protegê-los contra intrusões injustificadas do governo; no entanto, elas estão coletando e analisando volumes cada vez maiores de dados de usuários, e lucrando com isso. Para a maioria dos internautas, vale a pena fornecer dados pessoais em troca dos serviços de internet. Outros não desejam que sua vida on-line seja rastreada e analisada. A abrangência da coleta de informações do Google sobre os usuários de internet rivaliza com a de qualquer entidade, governo ou empresa. O gigante das buscas e anúncios na internet continua a expandir sua coleta e análise de dados, transformando sua missão de indexar o mundo todo, com seus habitantes e seus interesses, em um negócio de publicidade de uns US$ 50 bilhões anuais. Os executivos do Google também mantêm em segredo boa parte das suas práticas internas de manipulação de dados, temendo que discutir temas relativos à privacidade possa prejudicar a empresa junto aos consumidores, segundo pessoas que trabalharam na área de privacidade do Google. Mas há sinais de que está aumentando a pressão sobre o Google para que calibre a ênfase dada à privacidade do usuário. Prejudicados por alguns erros cometidos no passado relativos à privacidade, erros que geraram uma polêmica mundial, e agora sob supervisão regulatória mais estrita nos Estados Unidos e na Europa, os executivos estão envolvidos em amplos debates internos e, em alguns casos, atrasando o lançamento de produtos para atender às preocupações com a privacidade, segundo pessoas a par do assunto. Eric Grosse, diretor do Google para engenharia de segurança e privacidade, disse numa entrevista que a empresa se preocupa profundamente em proteger as informações pessoais dos usuários e tenta ser "o mais franca e aberta possível" sobre a forma como funcionam todos os intrincados mecanismos da internet. A cada hora, um usuário ativo do Google pode gerar centenas ou milhares de "eventos" de dados que o Google armazena em seus computadores, disseram pessoas a par desse processo. Esses eventos incluem as ocasiões em que as pessoas usam toda a gama de serviços do Google, que há muito coletam informações sobre as buscas que os usuários fazem privadamente na web. Incluem-se também os vídeos que as pessoas assistem no YouTube, site que recebe mais de um bilhão de visitantes por mês; os telefonemas que dão por meio do Google Voice ou a partir de quase um bilhão de smartphones com o sistema Android, do Google; e os torpedos que enviam via telefones Android e os e-mails via Gmail, que tem mais de 425 milhões de usuários. Se um usuário se registra para usar o Gmail e outros serviços, do Google, as informações coletadas aumentam e ficam vinculadas ao nome associado à conta. O Google pode então coletar informações sobre os endereços dos sites que a pessoa visita depois de pesquisar no Google. Mas mesmo que a pessoa visite os sites sem antes procurá-los no Google, a empresa pode coletar muitos endereços de sites visitados por meio do seu navegador Chrome, ou ainda se o site visitado for um dos milhões que têm instalados programas do Google, tais como o botão "+ 1". Os telefones baseados no sistema operacional Android e os Mapas Google podem coletar informações sobre a localização da pessoa ao longo do tempo. O Google também possui informações de cartão de crédito de mais de 200 milhões de proprietários de aparelhos com Android que já fizeram compras de aplicativos móveis, músicas ou livros em formato digital, disse uma pessoa a par do assunto. O Google não possui tantas informações relacionadas às pessoas pelo nome, individualmente, como tem o Facebook Inc., segundo alguns ex-funcionários do Google. (O Facebook anunciou que tem mais de 1,15 bilhão de usuários mensais ativos, embora a rede social tenha um número menor de funções e, portanto, capture menos tipos de dados que o Google.) Mas o Google vem estimulando os visitantes do site a usar serviços como sua rede social Google+, procurando assim recuperar o atraso nessa frente. A empresa continua tentando aprender mais sobre cada usuário individualmente, para poder prestar serviços personalizados. Um deles é o Google Now, que tenta fornecer informações antes mesmo que a pessoa as procure, como, por exemplo, enviando alertas sobre as condições do trânsito antes de uma reunião agendada. Expressa em 2.200 palavras, a política de privacidade do Google coloca poucas restrições quanto ao que pode coletar ou utilizar. Mais do que a maioria das empresas similares, o Google tem mostrado disposição para revelar aos usuários algumas das informações que já coletou sobre eles, recurso que se pode acessar por meio das contas do Google ou das configurações de privacidade. (Muito poucos internautas usam de fato essas ferramentas, segundo pessoas a par dessa utilização.) O Google também disponibiliza ao usuário uma lista de informações utilizadas para lhe direcionar anúncios, com base nos sites que o Google sabe que ele visitou e as informações que forneceu aos serviços do Google. As pessoas têm a opção de impedir que o Google direcione anúncios para elas baseados nesses dados. Mas análises mais estritas de questões de privacidade e atrasos nos lançamento são mais comuns agora, dizem pessoas a par do assunto. Criar o Google Now, um serviço para dispositivos móveis que começou a ser desenvolvido em 2011 e lançado em 2012, foi um drama, disse uma pessoa familiarizada com o processo. A equipe do Google Now teve que obter amplas permissões para conseguir dados vindos de diferentes grupos de produtos, como o Gmail e Google Search, disse a pessoa. Fonte The Wall Street Journal. NCM Business Intelligece - Narciso Machado

20130803

A verdade sobre a vida no escritório

Quando comecei a trabalhar em um escritório, no início da década de 1980, fumávamos em nossas mesas, martelávamos nossos textos em duras máquinas de escrever e na hora do almoço escapávamos até a cantina do escritório para comer uma torta de carne moída. Tudo o que venho escrevendo a partir de então sobre os escritórios modernos - os lugares sem fios, sem fumaça e silenciosos onde agora trabalhamos - é tingido por minhas lembranças de como eram as coisas no passado. No entanto, agora penso que meu senso de história era totalmente distorcido. Acabei de realizar uma série para a BBC Radio Four sobre os últimos 250 anos da vida em escritórios e descobri que metade das coisas que considerava novos modismos revelaram-se não ser, de forma alguma, novidades, ao passo que muitas coisas que considerava fatos eternos da vida em escritórios são realmente bastante recentes. Existem, porém, algumas constantes - como a paquera e o tédio -, assim como algumas coisas que desapareceram para sempre. A "tia da copa" que trazia o chá jamais retornará. As listas a seguir pretendem restabelecer a verdade. Seis modismos que não são novos 1- Trabalhar no Starbucks Esta tendência recente tem 350 anos de existência. O primeiro café londrino foi inaugurado em 1652, e foi um sucesso instantâneo entre os homens cuja ativide era vender seguros de navios ou que negociavam com açúcar ou com cabelo humano. Após 50 anos, havia 3 mil deles - uma taxa de expansão que faz a invasão da Starbucks na capital do Reino Unido parecer uma tartaruga. Há duas diferenças entre aquelas cafeterias e a versão moderna. O foco, à época, era frequentar para encontrar gente - hoje é para ficar sozinho com seu laptop. E a bebida predileta não era um frappuccino de caramelo com canela extra, mas uma bebida quente que, dizem, mais parecia um "xarope de fuligem com essência de sapatos velhos". 2- Trabalhar em casa As pessoas costumavam trabalhar em casa - não por causa da internet ou para poupar gasolina, mas porque não havia escritórios. Em 1762, quando o Barings estabeleceu sua sede na Mincing Lane, a atividade bancária acontecia no térreo, enquanto no andar de cima a senhora Baring criava dez de seus 12 filhos. Foi um tempo de funcionários polivalentes que também moravam no local, dos quais esperava-se que fossem igualmente habilidosos com os números quanto em desincumbir-se de tarefas cotidianas e distribuir o pão redondo com manteiga na hora do chá. 3- Pagar para ser estagiário Dos estagiários modernos espera-se não apenas que trabalhem sem remuneração, como também, por vezes, que tenham de pagar pelo privilégio. Mas 200 anos atrás esse tipo de coisa era rotineira. Quando um Charles Lamb adolescente conseguiu um disputado emprego no departamento de contabilidade da Companhia das Índias Orientais, teve de pagar uma fiança de 500 libras esterlinas como garantia de bom comportamento e encontrar dois patrocinadores que fizessem o mesmo, e então trabalhou durante dois anos sem receber nenhum salário. Isso lhe custou o equivalente a 140 mil libras, fazendo com que o estágio de uma semana na "Vogue" - arrematado por 42,5 mil libras em um leilão beneficente, no ano passado - pareça bastante razoável. 4- Café da manhã à mesa de trabalho Um jovem colega gosta de começar o dia com uma tigela de Fruit'n Fibre equilibrada sobre seu teclado. John Stuart Mill fez o equivalente 170 anos antes. Todos os dias, ele caminhava de casa, em Kensington, até seu escritório na Leadenhall Street, onde consumia um ovo cozido e uma xícara de chá à sua escrivaninha. A diferença era que o café da manhã de Mill era trazido por uma criada. Meu colega tem de encher ele próprio sua tigela de Fruit'n Fibre. Até o século XX quase não existiam gerentes. O Reino Unido atravessou a Revolução Industrial sem quase nenhum administrador. 5- Twitter O site de microblogging não inventou a comunicação sucinta. Isso foi inventado em 24 de maio 1844, quando Samuel Morse digitou o primeiro telegrama: "O que Deus fez!". O que Ele fez acabou revelando-se algo de fato bem grandioso, abrindo o caminho para a internet e levando Jack Dorsey a digitar, em 21 de março de 2006 o primeiro tweet: "Só estou compondo meu primeiro twttr". Não é de surpreender que, como exemplo de prosa, a mensagem de Morse tenha sido enormemente superior: os primeiros telegramas custavam o equivalente a US$ 25 por mensagem; ou seja, as pessoas não escreviam qualquer coisa velha. 6- E-mails destruindo a paz de espírito Nossos temores de que as mensagens de e-mail nos deixem estressados são precisamente os mesmos que tínhamos cem anos atrás, com o surgimento do telefone. Um artigo publicado na revista "Telephony" em 1913 informou que algumas pessoas ficavam histérica por terem de ficar permanentemente à disposição para atender chamadas telefônicas que chegavam com uma frequência inferior a uma por dia. E foram os telefones, e não o BlackBerry, que destruíram férias. Um anúncio de 1914 advertia homens de negócios para o fato de que um telefone os permitiria, enquanto pescassem trutas durante suas férias, manterem-se em contato com o que estava acontecendo no escritório. Seis coisas que são novas 1- Gestores Até o século XX quase não existiam gerentes. O Reino Unido atravessou a Revolução Industrial sem quase nenhum administrador. Em vez disso, havia proprietários, capatazes e supervisores. A palavra "gerente" somente foi usada em seu sentido moderno a partir de cem anos atrás. Mas agora há 5 milhões deles no Reino Unido - dez vezes mais do que em 1911. Sem gerentes, a vida em escritório, como a conhecemos, simplesmente não existia: quase não havia reuniões, memorandos e não havia necessidade de "alavancar" ou "fornecer soluções". 2- Gostar de seu trabalho A noção de que as pessoas gostavam de seu trabalho era inaudita. Mill, que tinha um emprego confortável na East India Company, evidenciava uma atitude mais positiva do que a maioria das pessoas, mas até mesmo ele considerava o trabalho como "efetivamente um descanso das outras ocupações mentais que exerço simultaneamente". Na época vitoriana, funcionários em escritórios parecem ter sido permanentemente infelizes. Um deles, em 1907, refere-se a colegas como "miseráveis movedorezinhos de canetas em casacas negras com os dedos manchados de tinta e fundilhos reluzentes". Eles sentavam-se em banquetas desconfortáveis, trabalhavam em lugares úmidos e eram propensos a pegar tuberculose - ou ficar com dor nas costas. 3- Mulheres Mulheres em escritórios foram uma inovação do século XIX, introduzidas como uma experiência para lidar com a crescente carga de trabalho, mas tornaram-se um enorme sucesso. Elas eram baratas, e não precisavam ser promovidas, porque, tão logo casavam-se, deixavam o trabalho e eram substituídas por alternativas mais baratas. Até a Primeira Guerra Mundial, "funcionárias do sexo femininio" tinham entradas, escadas e salões de refeições separados. Trabalhavam muitas vezes atrás de biombos e, em alguns casos, em gaiolas, para assegurar que sua moral permanecesse imaculada. No Barclays, elas eram autorizados a subir à cobertura na hora do almoço, onde caminhavam e entoavam a canção da empresa. Havia apenas um privilégio desfrutado pelas funcionárias hoje não disponíveis: elas eram autorizados a tricotar em períodos de ociosidade.
4- Competência Ser adequado ao seu trabalho é uma invenção relativamente nova, pelo menos no setor público. Em meados do século XIX, a administração pública era recheada de idiotas irrecuperáveis, lá colocados por parentes. Uma avaliação parlamentar de 1855 faz referência "aos mais débeis filhos de algumas famílias, afortunados por uma nomeação, sim, e outros também, mentalmente ou fisicamente incapacitados, são admitidos ao funcionalismo público". Mas vieram as reformas da década de 1870 - e a ideia revolucionária de que, para conseguir um emprego, o candidato precisava não apenas não babar na gravata, como também dominar um pouco de matemática e, igualmente, latim. 5- Jargão Quando o estilo de gestão era do tipo comando e controle, não havia necessidade de jargão. Para dispensar pessoal, não se dizia "descontinuar", como fez o HSBC, recentemente. William Lever, fundador da empresa de sabonetes Lever Bros, escreveu sem rodeios sobre como, na década de 1920, ele livrou-se de "homens ineficientes, e homens muito bem pagos, homens idosos já incapazes de desempenhar suas incumbências. Estou confiante em que isso produziu um estado de medo nas mentes dos remanescentes por sugerir que, se não forem eficientes, a vez deles também chegará". 6- Roupas casuais A equipe que trouxe o Macintosh, da Apple, ao mercado em 1984 não se limitou a surpreender o público com seu produto, mas também com suas roupas: estavam todos vestidos com capuzes cinza. Até então, todo mundo vestia-se para trabalhar. Em "As Aventuras do Sr. Pickwick", Charles Dickens descreve: "Primeiro, despe o paletó preto que dura o ano todo, e enverga outro, que já cumpriu seu dever no ano anterior, e que ele mantém à sua mesa para poupar o outro". Na década de 1970, a virtude do traje elegante foi comprovada cientificamente: de acordo com o best-seller "Dress for Success" (como vestir-se para ser bem-sucedido): as secretárias de homens que usavam camisas de manga curta atrasavam-se para o trabalho 12% mais do que as dos homens em mangas compridas. Seis coisas que são eternas 1- Luxúria Isso é bem anterior à invenção de funcionários do sexo feminino. Como Samuel Pepys escreveu em seu diário em 30 de junho 1662: "Acordei cedo e fui para o escritório, onde encontrei a garota de Griffen limpando-o, mas, Deus me perdoe! Como a desejava, mas não me envolvi com ela". Quando as mulheres chegaram aos escritórios, muita coisa começou a acontecer, e muitas vezes terminou muito mal mesmo. Em 1958, Connie Nichols, secretária na Eli Lilly, manteve um longo caso com seu chefe, mas quando descobriu que tinha sido substituída por uma modelo mais jovem, deu um tiro nele. 2. Falar mal de colegas Ridicularizar colegas de trabalho parece ser uma necessidade básica das pessoas que trabalham em escritórios. Lamb compôs um dístico sobre um colega particularmente obtuso chamado Ward: "O que Ward sabe, só Deus sabe; mas sabe lá Deus o que Ward sabe!". Embora a necessidade seja constante, o modo de execução mudou - ditos espirituosos foram, desde então, substituídos por brincadeiras de mau gosto em redes sociais. Eu mantenho minha previsão de que o escritório sem papel só será realidade depois dos banheiros sem papel. 3- Prêmio de beleza Ser alto, falar baixo e agradável aos olhos sempre foi uma vantagem. Verificou-se que os executivos-chefe contemporâneos nos Estados Unidos são 2,5 polegadas mais altos do que o homem médio, e inúmeros estudos têm mostrado que os mais bem- apessoados têm maior taxa de sucesso. Cem anos atrás, a menção do "fator beleza" era explícito: no Bank of Scotland, no fim do século XIX, funcionários eram "removidos da vista", em virtude da "baixa estatura", ter uma "voz meio esquisita" ou por "suas orelhas de abano e cabelo ruivo". 4- Políticas mesquinhas Em minha vida profissional, algumas das mudanças mais impopulares focaram mordomias insignificantes, como biscoitos grátis. Na Companhia das Índias Orientais, em 1817, houve uma gritaria geral quando a festa de Natal - a "festa anual da tartaruga" - foi suprimida. Ainda pior foi uma nova iniciativa que exigia uma assinatura a cada 15 minutos durante o dia inteiro. Uma política que faz parecer laisser-faire a insistência de Marissa Mayer em que o pessoal do Yahoo compareça ao trabalho. 5- Slogans motivacionais Na moderna sede do Facebook em San Francisco, as paredes são cobertas de avisos dizendo: "O que você faria se não estivesse com medo?". No edifício Larkin Soap, em Buffalo, também bastante modernoso à época de sua inauguração, em 1907, o arquiteto Frank Lloyd Wright mandou esculpir nas paredes: "Pensamento, sentimento, ação". Esses slogans não se revelaram excepcionalmente bem-sucedidos: a Larkin Soap faliu. 6- Papel É famosa a previsão da "Businessweek", em 1975, segundo a qual os escritórios iriam funcionar sem papel, mas nos 25 anos seguintes o volume de papel usado nos escritórios continuou crescendo. Embora estejamos agora abandonando um pouco o hábito, o trabalhador médio ainda gera 1 quilo de papel por dia. Eu mantenho minha previsão de que o escritório sem papel só será realidade depois dos banheiros sem papel. Seis coisas que nunca voltarão 1- Livros registro O fim dos livros de registro foi, possivelmente, a melhor notícia que os escritórios já receberam. O sistema baseado no registro de informações em ordem cronológica significava que nenhuma informação podia ser recuperada. A invenção do arquivo para pastas suspensas, em 1868 - permitindo que as coisas fossem arquivadas em ordem alfabética - foi, provavelmente, um passo maior para a economia baseada em conhecimento do que o computador.
2- Um cemitério de equipamentos Coisas como canetas de pena, papel mata-borrão, máquinas de escrever, máquinas de somar, computadores de grande porte, editores de texto e máquinas de fax já se foram todos, ou estão indo. 3- Ruído O fim do som de metal batendo das máquinas de somar, de máquinas de escrever e dos estridentes telefones de baquelite significou o fim do ruído. Agora, há apenas a leve batida nos teclados e a educada vibração dos celulares. Texto substituiu falação. A ironia é que, contra todo o silêncio perturbador, o que começamos a fazer? Usar fones de ouvido. 4- Cigarros Essa era a droga perfeita nos escritórios e um lubrificante social. Nos tempo de Dickens, em vez de cigarros, era a vez do rapé: "O funcionário sorriu quando enquanto fez o comentário e inalou uma pitada de rapé com um entusiasmo que parecia ser intensificado pela mescla de paixão pelo rapé e antecipação do prazer de cobrar uma taxa". Nas burocracias, o prazer da cobrança de taxas sobreviveu ao apego ao cigarro, que foi expulso dos ambientes de trabalho, consumido apenas por uma minoria obstinada na calçada à frente do prédio. 5- Privacidade Trabalhadores subalternos sempre trabalharam em salões sem divisórias, enquanto os gerentes tinham suas própria salas - até a década de 1960 e um movimento alemão denominado Bürolandschaft removeu as paredes e colocou vasos de plantas em seu lugar. A partir de então, o avanço dos "planos abertos" continuou, e, apesar de os executivos conseguirem manter suas próprias salas, as paredes agora são feitas de vidro. Assim, quem quiser um encontro reservado é obrigado (a) a sair do aquário e ir à escada. 6- A "tia da copa" Em 1666, a mulher do responsável pela casa da East India Company começou a fazer chá para os diretores e assim nasceu o papel da "tia do chá". Nos 300 anos seguintes, ela foi uma figura "cult" na maioria das empresas, com seu grito de boas-vindas: carrinho. Em 2003, Isa Allan, uma "senhora da copa" na Scottish Enterprise, recebeu uma condecoração da rainha por ser o "coração e alma" do lugar. Porém, até mesmo a rainha não foi capaz de deter o avanço da mecanização, da terceirização e dos cortes de custos: a "tia" do chá foi substituída pela máquina de café, pelo bebedouro e pela rede de fast-food Pret a Manger - e nenhuma das alternativas é tão competente. Por Lucy Kellaway | Do Financial Times. (Tradução de Sergio Blum) NCM Business Intelligence - Narciso Machado