20110128

Temporadas mais curtas para jovens

Aos 30 anos, o carioca Pedro Paulo Costa espera, em um futuro próximo, assumir o cargo de diretor do Santander em algum lugar do mundo. Para ele, morar fora não assusta, pois acaba de voltar de um experiência de dois anos como expatriado no Chile.

Costa foi um dos participantes do programa global "Jovens Diretivos", que tem o objetivo de identificar talentos e prepará-los para trabalhar nos principais mercados onde o banco atua, como Espanha, Portugal, Alemanha, Reino Unido, Brasil, México, Chile, Argentina e Estados Unidos. Na 20ª edição do projeto este ano, existem 32 brasileiros no exterior. "Existe um interesse muito grande dos jovens em ter uma experiência profissional", diz Lilian Guimarães, vice-presidente de recursos humanos.

Além desse programa de média duração, o banco lançou, no fim de 2008, um outro de curta duração chamado "Mundo Santander" para profissionais de até 30 anos. Desse, já participaram 52 brasileiros. "Ele tem apenas quatro meses de duração", diz Lilian.

Ela lembra que a expatriação dos jovens é quase sempre mais econômica. Nesse caso, não existe gasto nem com moradia, já que os participantes ficam alojados nos centros de treinamento do banco.

Mesmo com os expatriados mais seniores- hoje o banco tem 121 brasileiros no exterior e 98 estrangeiros no país- Lilian diz que os pacotes de benefícios estão mais enxutos. Foi-se o tempo do título de clube para toda a família, motorista, carro e segurança. "No geral, o banco paga apenas escola para os filhos e moradia."

A repatriação dos mais experientes, segundo ela, é acompanhada de perto pelo RH. No geral, eles voltam para receber um salário, no mínimo, igual ao de antes da expatriação. "Queremos que esse executivo fique", diz.

No caso dos mais jovens, os programas têm o objetivo de desenvolver talentos globais. "O compromisso deles quando terminam o período no exterior é com o banco e não com o país de onde vieram. Eles podem ir para qualquer lugar", explica.

Mas participar do banco de talentos global do banco não é tão simples. Para ingressar no seleto grupo dos "Jovens Diretivos", por exemplo, os interessados enfrentam a concorrência de jovens da América Latina, Europa e Estados Unidos. Eles podem se candidatar a uma vaga ou ser indicados pelos chefes, mas deverão ser aprovados por um comitê internacional. "A disputa é grande", diz a VP.

Costa foi indicado depois de passar pelo programa de trainee. "Sou economista e trabalhava com financiamentos. Na expatriação para o Chile, passei a atuar na área de canais", diz. De volta ao Brasil, ele assumiu a gerência dessa nova área no banco. O objetivo do programa, segundo ele, é a troca de experiências em assuntos onde a instituição precisará de expertise no longo prazo.

Embora se sinta preparado para uma nova expatriação, Costa afirma que a mudança foi difícil. "As diferenças culturais são enormes, mesmo o Chile sendo tão próximo", diz. Quando foi morar em Santiago, ele estava solteiro e por isso sentia dificuldades para se relacionar. "A sociedade chilena é muito fechada e familiar".

No trabalho, fez um bom network até com colegas de outros países latino-americanos. A sisudez e a pontualidade chilenas o assustaram no começo, mas acabou se adaptando. "Lá enfrentei até um terremoto. Foi uma experiência incrível". FONTE JORNAL VALOR.

LOJAS AMPLIAM MIX DE PRODUTOS

Tênis e sandálias de salto no Magazine Luiza. Pneus e óleos lubrificantes na Casas Bahia. Relógios e a camiseta do time preferido na Ricardo Eletro. Tudo aquilo que o consumidor não encontra na loja física de qualquer uma das maiores redes de móveis e eletrodomésticos do país, agora está acessível na internet. Na tentativa de aumentar sua margem de lucro, ainda que com itens de menor valor, essas empresas vêm acelerando a oferta de itens pela rede mundial. Ao aproveitar a estrutura logística e de tecnologia já montada para a venda on-line de geladeiras, computadores e guarda-roupas, as varejistas decidiram expandir de vez o mix, fazendo frente à Americanas.com, a gigante multicategorias da web brasileira.

Só na Máquina de Vendas - que reúne Ricardo Eletro, Insinuante e City Lar -, o número de itens vai saltar de 23 mil para 110 mil em cada uma das operações de varejo on-line das suas respectivas bandeiras. Nas lojas físicas do grupo, o mix é de 5 mil, em média. Nos próximos meses, também serão oferecidos CDs, DVDs, livros e perfumes. "Na internet, interessa investir em produtos que não são commodity e oferecem margens mais altas", diz Luiz Carlos Batista, presidente da Insinuante e do conselho de administração da Máquina de Vendas. "Queremos que o consumidor encontre na loja virtual qualquer coisa que ele procure", afirma o empresário.

Para atender a demanda eletrônica, a Máquina de Vendas mudou em novembro o endereço do centro de distribuição (CD) da operação on-line em Belo Horizonte, que passou de um espaço de 3,2 mil metros 2 para 10 mil metros 2. Agora, a empresa estuda abrir outros dois CDs, no Norte e no Nordeste, para atender a venda virtual.

Na nova operação de pontocom da Globex - a maior varejista de móveis e eletrodomésticos do país, que reúne Casas Bahia e Ponto Frio -, a tendência é a mesma. "A diversificação é inerente ao canal on-line e não vai parar", diz Vicente Rezende, diretor de marketing do Ponto Frio. A operação das duas redes está integrada na internet: todos os itens vendidos no site do Ponto Frio estão presentes na página da Casas Bahia. O volume do mix não é divulgado. As novas categorias geram maior chance de o consumidor voltar a comprar do que as tradicionais, de móveis e eletrodomésticos, diz Rezende.

Frederico Trajano, diretor de vendas e marketing do Magazine Luiza, concorda. "Quanto maior o seu mix, maior a taxa de conversão [da consulta em venda efetiva]", diz ele, que não revela com quantos itens trabalha na web. "Nosso mix é pelo menos quatro vezes maior que o da loja física e deve crescer ainda mais", diz. Segundo ele, é natural que nas lojas físicas 80% da venda esteja concentrada em 20% dos itens. "Mas na internet essa lei não vale: é possível ter 80% da venda em 80% dos itens, por isso interessa diversificar".

Para especialistas, a estratégia é acertada. "Esses varejistas acabam diminuindo o custo de captação de cliente on-line porque oferecem um mix extenso e mais barato do que a média, o que faz com que seu nome figure nas listas de comparadores de preço na internet", diz Alexandre Umberti, diretor de marketing e produtos da consultoria e-Bit. Essa estratégia, adotada com maior intensidade desde o ano passado, não exige altos investimentos em mídia on-line, por exemplo, diz Umberti, e garante o fluxo ao site. "Alguém que é atraído ao site pelo custo mais baixo de um item descartável, pode muito bem se deparar com a oferta de uma TV de 42 polegadas. É nisso que os varejistas apostam", diz.

E a estratégia é adotada inclusive pelas operações de comércio eletrônico dos grandes hipermercados. O Walmart, por exemplo, passou a vender perfumes franceses pelo canal on-line há poucos meses, categoria que não está presente na rede física. Da mesma forma, o Carrefour vende pela internet serviços de instalação de home theater ou rede sem fio (wireless). "São grandes nomes do varejo físico que não estavam na internet até três anos atrás, o que significa concorrência mais acirrada para a Americanas.com", diz Umberti.

Enquanto o comércio eletrônico no país cresceu mais de 40% em 2010, para cerca de R$ 15 bilhões, segundo previsão da e-Bit, estima-se que a Americanas.com tenha aumentado suas vendas em cerca de 15% (o balanço de 2010 ainda não foi divulgado). Procurada, a empresa não atendeu a reportagem até o fechamento desta edição.

O ritmo mais lento da maior varejista da internet brasileira pode ser explicado pelo fenômeno que o mercado chama de "long tale" (os pequenos varejistas especializados que vêm tomando o espaço dos grandes nos últimos anos) e também pela diversificação na internet abraçada pelos varejistas de móveis e eletrodomésticos. Tudo indica que o grande varejo ampliou a disputa do balcão para o mouse. Fonte: Jornal Valor.

20110107

Procuram-se Clientes Infiéis

Se a traição é inevitável (e é mesmo: 93% dos brasileiros fazem compras em vários lugares), a solução é tornar sua loja a preferida. O próprio cliente ensina o que fazer, como mostra estudo da Around Research.

Conviver com a infi delidade e não ter pudor para correr em busca do infi el é uma grande virtude. Pelo menos no varejo alimentar. Afi nal, o consumidor está sempre se deixando seduzir por uma comodidade aqui, uma variedade de produtos acolá. Não tem jeito. Ele gosta de visitar vários supermercados, além de padarias e farmácias. E também gosta de trocar marcas de produtos. Sua opção é tornar sua loja a mais frequentada, a que nunca é esquecida. Se não é possível ter tudo, que se tenha bem mais do que os outros. Uma pesquisa realizada pela consultoria Around Research, especialmente para Supermercado Moderno, não só confi rma a infi delidade em altíssimo grau, como mostra o que fazer para ser o favorito da clientela. Considerando-se o atual nível de exigência do brasileiro, você terá muito trabalho pela frente. O levantamento contou com a participação de 400 consumidores de todo o País, que responderam a questionários pela internet.

93% DOS CLIENTES VÃO A MAIS DE UMA LOJA

De acordo com o levantamento, 43% dos respondentes frequentam duas lojas durante o mês. O percentual empata com o de pessoas que vão a três supermercados. E outros 14% realizam suas compras em mais de três estabelecimentos. Além disso, 86% dos entrevistados também visitam padarias e 98%, farmácias.

“O consumidor possui, sim, um supermercado preferido. No entanto, quando precisa fazer uma compra rápida ele vai ao estabelecimento que estiver mais próximo naquele momento. Já quando quer fazer uma compra maior, ele opta pela loja em que mais confia”, explica Daniela Casabona, coordenadora de atendimento da Around.

Ari Kertesz, sócio da consultoria internacional McKinsey, concorda. Para ele, o que acontece hoje é que as pessoas diluem suas compras em mais canais. “Antes, elas deixavam em sua loja favorita cerca de 70% dos seus gastos. Atualmente, é algo em torno de 50%. Ainda assim, é um valor alto em relação ao segundo ou terceiro ponto de venda escolhido”, diz.

Para ele, o que explica a pulverização das compras é o fato de que nenhum canal atende todas as necessidades do público. Kertesz ressalta que cada tipo de varejo satisfaz um momento de consumo. A padaria é procurada pelo pão fresquinho, o café da manhã e, cada vez mais, por produtos também vendidos em supermercados, já que está pertinho da casa do cliente. A feira se destaca por frutas e verduras variadas e de boa qualidade. Portanto, a grande lição para os supermercados é ser o melhor nos atributos mais valorizados pelo consumidor. A pesquisa da Around Research revela esses atributos e aponta as melhores estratégias e ações.